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14 de dezembro de 2009

Meu vício

NUPB71

A falta de pensamento me distrai, a nulidade de significado das coisas que sinto me faz permanecer intacta. Hoje eu acendi um cigarro e inalei o ar cinzento para sempre nos meus pulmões, porque o verdadeiro ar que quero respirar não posso querer. Está tão perto, tão freqüente, mas não posso como se estivesse em outro corpo, num lugar tão distante da retina que te vê.

Esse costume de me sentir insegura virou uma rotina cômoda e agora parar de viver isso me corta um pedaço do que não fui. Querer viver uma vida longe de tudo, de novo, é muito sufocante. Tudo de novo, não. Eu consigo mais uma vez fechar os olhos para as coisas que desejo receber, por você eu me perco no espaço a fim de nunca mais voltar. Por você eu nado oceanos, até me afogar. Faço qualquer coisa para não lembrar que estou aqui tentando o que não tem virtude.

Tudo passou tão rápido e nessa inércia de altos e baixos, de tempestades e trovões, vi que não me desgarrei da menina que via quando era pequena, que meus sonhos são eloqüentes, que meu passado é vazio e meu futuro é existir superficialmente em meio a multidões.

Eu até paro de chorar se me prometerem que isso vai passar, que é transtorno dos meus pensamentos, eu paro de chorar se tirarem meu coração e levarem para o infitino. E todos verão que o que sobra, sou eu como uma papel machê encolhido no meio da chuva fina. Sou eu, a obsessão cristã em desacreditar no sempre.

Se qualquer um, você, ela, ele, seja quem for puderem me reciclagem, o façam. Se quiserem me jogar no meio de uma vala, impiedosamente, faça. Eu vou sofrer bem menos lá, seja lá onde for, do que neste pedaço de chão que não me cabe pronome de meu, que não me sai da mente que nem seu.

A fumaça vaporizou minhas lágrimas, levou embora minha angústia e resta esse pouco de nada que me faz ser o que me chamam por aí.

 

DBA 14/12/09

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