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3 de outubro de 2010

Perdição

Então, ainda que tardiamente, ela voltou com aquela expressão de culpa e ingratidão. Em longos e suaves passos vinha em minha direção, contornando o chão, desviando dos sonhos, pisando na realidade. Ali nascia o seu novo semblante. Seu escrúpulo se fez de alma. Alma por não saber explicá-la, por não poder vê-la, por estar além de nosso poder imaginário. Aos poucos seu caminho se transformou num quieto e sólido vão de abstração aos nossos olhos.

A medida que sentia seus movimentos, eu recuava cada vez mais. Sobretudo entre o mais firme chão havia um abismo. Eu recuava. O perto estava partindo para o infinito. Eu recuava. Não me importava com o que viria, eu apenas recuava.

Quando acordei ela ainda estava presente. Eu via um caminho tão confuso, e ela dizia que perdoaria minhas tristezas, minhas palavras incompreendidas, meu comportamento temperamental e ainda disse que era para ficar com Deus!

Oh Deus! Tempestuoso e silencioso Deus! Tire-a daqui, da minha vida, do meu caminho. Traça novas rotas para o meu infinito. Meu medo ultrapassa meu entendimento como humana, dedilho palavras desconexas para expressar o que não encontro. Mas como me perco, como não encontro o ponto de ser nesse vazio que sinto, agora, quando ela está comigo.
Meu corpo, por sua vez, despencou de uma altura imensurável...
Ele jamais tocara o chão...



(D.B.A)

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